quinta-feira, outubro 21, 2010

Profissão Ilustrador: começando bem.


(arte de Thais Linhares para livro novo da Bia Bedran - 2010)

Faz um tempinho recebi um simpático email pedindo um tantico de orientação, dicas profissionais. Ei-lo, a logo abaixo a sequência de respostas e resultado...

***

Bom dia Thais,
 
Acompanho seu blog e, entre outras coisas, curto muito suas ilustrações em aquarela, seu blog está na minha lista de favoritos. E também fico muito atenta às suas orientações e dicas sobre a carreira, contratos, etc. (...)
 
Então, como leio muito o que você posta e curto seus trabalhos posso me considerar sua fã, e, como toda fã "me permito" ser "intima" e, trocar e-mails contigo sobre carreira, pode ser? rsrsrsrs; Lá vou eu:
 
"Thais, o que eu estou fazendo de errado nos meus contatos infrutíferos com editoras de livros infantis?"
 
Acho que ilustro bem, fiz vários cursos na área de artes (cinema de animação, pintura em aquarela, pintura acrílica, Panamericana de artes, desenho de anatomia, etc, etc....), sou empreendedora mas, faz dois anos que mando portfólios impressos, mando resumos por e-mail e ninguém me contrata!
 
(...) atuei 20 anos na área - e desde 1998 ilustrei como freela materiais (cartilhas paradidáticas, cartazes, ....) (...), sempre na área de publicidade, mas o que quero mesmo, meu sonho é ilustrar livros infantis!!
 
Me ajuda? Saiba que vou seguir à risca suas orientações.
 
Obrigada, um abraço,
 Fã.



***


Aí respondi assim:


***


(...)





Adianto que o que me ajudou mais que tudo foi o contato "ao vivo" com as pessoas do mercado. Fez TODA a diferença! 

No começo eu conseguia isso marcando entrevista nas editoras (na epoca não tinha internet pra mostrar blog). Hoje isso rola bem melhor em eventos literarios.

Tem todo ano o Salão do Livro - considero o melhor lugar pra um ilustrador mostrar seu portfolio, deixar cartão e ganhar a confiança do editor. Ali também é o lugar pra fazer amizade com colegas e escritores, que podem ser futuros parceiros em projetos.

(...)

Mas acho que se fosse começar a ilustrar agora teria de seguir novos passos.

Percebi que é essencial:

Contato com as pessoas do meio - pra que elas lembrem de você enquanto artista, e confiem em você (afinal, você deixa de ser apenas um nome num papel ou site!)

Ter amostra de material, onde conseguir colocar, eu pipoco muito pela Internet, isso tb cria contatos!

Participar dos grupos de discussão de autores (tem a AEILIJ a ABIPRO, a ABCA...) pois neles você fica sabendo de oportunidades, dicas de carreira, parcerias...

Well... tente isso! Manda um retorno em agosto (que é quando volto), vamos nos falando! Bjs!

***

Algum tempo depois, uma mensagem muito legal chega:

***

Oi amiga-virtual e de alma, já que grafitamos por aí....
 
Escrevo porque tenho uma novidade deliciosa para te contar: fiz o que vc me ensinou e........deu certo!!
 
Conversei pessoalmente com três editores que estavam na Bienal do Livro em Sampa, dois que já me aguardavam por lá e um por sorte. O papo foi maravilhoso, muito gentis e receptivos. Com um deles fechei contrato nesta segunda-feira!!
 
Um contrato Thais!! Com direitos autorais resguardados (como vc orienta no seu blog). (...)
 
Os demais contatos deram frutos também, tenho mais um contrato sendo elaborado (mas este sem pagamento pelas ilustras, só DA 4% desde a primeira edição) (são pequenininhos......).
 
O terceiro contato é promessa para 2011, mas, agora estou mais confiante e tudo graças à você. Nem sei como agradecer, na verdade sei sim......quando vc virá à São Paulo? Temos que sair para comemorar e comer em Sampa....Quando vem?
 
Um grande, grande abraço feliz desta ilustradora iniciante e sua fã.

***

E fechando o caso de sucesso:

***

HEEEEE!!! Como é bom ouvir isso! Sinto que são novos tempos "de gente fina elegante e sincera". Meu otimismo não foi "em vão", rs!



Mas ante de me agradecer devemos erguer as mãos pros arautos dos contratos: Graça Lima, Montalvo Machado, Flavio Mota, Monica Fuchshuber, Silvana Marques... Quem são? Eles me ajudaram no passado e por isso pude passar adiante o que aprendi! E... também acender uma vela virtual a nova deusa de nosso tempo, uma Athenas re-encarnada: a Internet! Como teria sido nosso contato??? Em um evento, talvez, mas com toda a dificuldade de divulgação do passado, quando era caríssimo transmitir informação, fazer propaganda de um encontro... Seu retorno é super útil pra mim, obrigada, porque cada ilustrador que consegue se posicionar no mercado de uma forma legal, beneficia todo mundo! Portanto somos muitos a lhe agradecer também!

Beijos!! SUCESSO e ARTE pra ti!
Thais

***

Sei que alguns colegas exultarão e outros tecerão boas críticas. De qualquer forma, o panorama é de ganhos pros autores das imagens dos livros e autores em geral.

O ilustrador está entendendo melhor seu papel na cultura.

É através da imagem no livro, por exemplo, que um título ganha a oportunidade de ser editado no exterior.

Nos eventos, são as performances do ilustrador que mais encantam e acrescentam glamour à audiência! Os leitores ficam doidos quando vêem as idéias ganhando cor, altura, tecitura... em grandes painéis diante de seus olhos! Quando todos os editores se tocarem deste poder, mais ilustradores serão chamados às feiras.

A IMAGEM é uma mensagem que entra de forma imediata, para então ter início a sua decodificação dentro do pensamento do leitor (da imagem). Ao passo que o TEXTO é uma mensagem que primeiro precisa ser decodificada, para só depois entrar no pensamento. Isso não privilegia nem um nem o outro. Mas são formas diferentes de encantar, que aliadas, maximizam o prazer da fruição do leitor (de imagem e texto).


Arte e verdade, para todos, e uma boa quinta-feira de sol.


sexta-feira, outubro 01, 2010

Sapateiro

Qual das opções abaixo, escolheria para ilustrar o trecho?

"Qual não foi sua surpresa de manhã quando acordou e olhou para cima de sua bancada de trabalho. Lá estava o par de sapatos prontos, muito brilhantes e bem-feitos, costurados com tanta perfeição e cuidado, que pareciam ser os sapatos mais belos do mundo."


O Texug-one implicou com o extravagante sapato amarelo. Queria saber a opinião de vocês, em especial das crianças.


Abaixo, uma bancada antiga de sapateiro. Estudo para o livro novo da Bia Bedran.

quinta-feira, setembro 16, 2010

MiniBio tipo FC

Nasci pouco depois que o senhor Neil Armstrong se tornou o primeiro homem a pisar na Lua. Quando caía a noite, lá na serra de Teresópolis, onde morava minha avó materna, eu pegava meu gorro e cachecol, e observava o céu pela luneta de meu avô (mas que não era o esposo desta avó, mas da outra, a paterna). Era muito fácil ver satélites rasgando a órbita, cacos de meteoritos, planetas faiscando no céu... Mas claro que o grande sonho era encontrar visitantes de outros planetas, que me dessem uma carona através das galáxias distantes, em busca de novos mundos, novas civilizações, audaciosamente indo aonde... Bem, a nave não veio, mas chegou outro visitante bem simpático, esse jovem cometa aventureiro, que trouxe-me à lembrança meus tempos da faculdade de astronomia, minha "quase-carreira" antes de eu decidir me tornar uma contadora de histórias, e viajar ainda mais longe na minha espaçonave imaginária.


A imagem deste post é para o livro "O Tesouro do Velho Halley", escrito por Alcides Goulart – próximo lançamento da Editora Jovem.

segunda-feira, setembro 13, 2010

Pequenos filósofos em novo livro


A referência para essa ilustração eu consegui quando fui de trem a Morretes-PA. Tirei diversas fotos das fachadas. Esta é a paróquia local, que além de muito bela e aconchegante, faz um trabalho maravilhoso de auxílio à comunidade. No dia quente encontramos frescor – na sombra e nas boas palavras – em sua nave.

Dona Porca: queria que as primeiras participações dela ela estivesse mais bestial, e gradativamente ela fosse se "humanizando", marcando a crescente atuação dela na história.




A idéia é que as tintas sigam um ritmo de sonho, de vapor de idéias... deambulações filosóficas!

quinta-feira, agosto 26, 2010

O Vilão da vez é o plástico

Felizmente, mais um atitude inteligente vira lei: as sacolinhas plásticas serão eliminadas dos supermercados cariocas. Mas o que fazer pra subtituí-las em casa? Pois é nelas que acondicionamos o lixo, o cocô do cachorrinho... E a sacola de papel vaza os líquidos. Minha sugestão é: reaproveite as embalagens dos produtos: o saco do pão de forma, o pote do queijo, o copinho do yogurte...
No momento uso as caixas de leite para o lixo orgânico. Mas ainda não é o ideal.

Primeiro, precisamos reduzir ao máximo o uso do plástico, em tudo! Por mim, voltaríamos as garrafas de vidro pra Coca-cola e leite. E recipientes re-utilizáveis para recolher o lixo orgânico que seria levado separado para composteiras. O pão volta a chegar em craft, o peixe no jornal de ontem (xi... esse também tá sumindo, virou "virtual").

Também trocar os alimentos processados pelos in natura: laranja ao invés do suco empacotado...
Cada pequenina atitude ecológica, replicada em milhões de lares, vai reduzir drasticamente os danos do lixo no meio ambiente. E meta é reduzir a Zero!

Fecho esta registrando minha revolta com o "povo poluente" que, sem necessidade nenhuma joga a garrafinha de água na Lagoa, larga o papel de bala no gramado, deixa cocô de cachorro na via pública (ou, como ocorre aqui na vila, diante da porta do vizinho). O "povo poluente" deveria saber que mesmo sem ver seu lixo ele continua o prejudicando!

A imagem que ilustra este é criação minha para o novo livro de Alcides Goulart, a ser editado em breve pela Editora Jovem.

quarta-feira, agosto 25, 2010

REFORMA DA LEI DE DIREITOS AUTORAIS, últimos dias






Encerra-se esta semana a Consulta Pública sobre a Reforma da Lei de Direitos Autorais.
Ontem no FICI, a mesa sobre Transmídias traduziu com perfeição o drama que os legisladores estõ a enfrentar, pois o principal catalizador desta reforma foi a necessidade de adequar a produção cultura, e proteção ao autor, na era da Internet.

Peço por favor à organização da FICI, se possível, que repasse esta mensagem aos participantes da mesa de ontem. Creio que eles poderiam ser consultores, e que ajudariam bastante os advogados e autores neste momento histórico.

A Consulta pode ser vista em:
http://www.cultura.gov.br/consultadireitoautoral/

Agreço imensamente, ainda hoje estarei cm você aproveitando as oportunidades que este fórum nos proporciona. Abaixo reproduzo a chamado do ilustrador e grande ativista Flavio Mota:


Olá Amigos,

Nessa semana temos o dever de consciência de focar as nossas atenções para algo muito raro, talvez nunca na história do Brasil houve algo similar e que influencia diretamente não somente ilustradores, mas também outros tipos de artistas, como escritores, músicos, compositores, etc. que é a possibilidade de influenciar a modificação da Lei de Direitos Autorais do Brasil.

Sabemos e sentimos na pele de alguma maneira que vivemos em um país aonde quase sempre as cartas já foram marcadas para que grupos de possuidores de um determinado poder perpetuem seu poder e ganhem com essa perpetuação sobre a energia de outras pessoas, mesmo quando essa outra pessoa seja detentora de criatividade e capacidade acima do comum.

Sabemos também que a atual Lei de Direitos Autorais, embora seja justa, contém uma falha prática que permite que grande grupos de comunicação se apropriem do trabalho de artistas inexperientes ou necessitados em conseguir trabalho ou divulgar sua arte através da cessão total por tempo indeterminado de sua obra, podendo assim ganhar inúmeras vezes sobre o trabalho do autor sem precisar repassar qualquer quantia ao verdadeira merecedor do trabalho e sem sequer consultar ao autor sobre a forma como será explorada a sua obra.

Paradoxalmente a nossa atual lei não permite de maneira alguma que nós, que trabalhamos criando e desenvolvendo arte, entretenimento e cultura possamos ter um empresa própria para gerenciar os nossos direitos de autor.

Segundo o meu ponto de vista esses são os dois principais problemas da LDA e vejo que o momento permite que possamos, caso cada um de nós entendamos ser de nosso interesse e para nosso benefício nos manifestarmos, solicitarmos, reivindicarmos mudanças que atendam aos nossos interesses e nos protejam garantindo que cada ilustrador, quadrinhista, cartunista, escritor, roteirista, compositor, arranjador ou produtor possa, caso em algum momento de sua vida crie uma obra de grande destaque, garantir que possa ele ter seu sustento garantido como forma objetiva e material de reconhecimento pelo seu mérito.

Devemos estarmos atentos a duas coisas nesse momento: 

- A primeira é o endereço eletrônico da proposta do Ministério da Cultura de Modificação da Lei de Direitos Autorais, lendo, conhecendo a nova proposta, sugerindo modificações que visem beneficiar a nossa profissão e apoiando as propostas existentes que sejam a nosso favor. O endereço do site é: http://www.cultura.gov.br/consultadireitoautoral/
- A segunda coisa que precisamos fazer é reservar a manhã de sexta feira, 27 de Agosto para, às 9h00 estarmos todos presentes no Senac da Lapa, na Rua Scipião, 67, participando do evento que está marcado para ser a entrega do documento final de inúmeras entidade representantes de artistas visuais: ABIPRO,  SIB, ACB, AEL-IJ, CEBEC, APROARTES e Sindicato dos Artistas Plásticos junto ao  MinC.

Nosso foco principal é extinguir definitivamente a cessão total de direitos. Se você concordar com nosso ponto de vista, eu peço que se junte a nós.

Precisamos mostrar que nossos Direitos são apoiados pelos nosso profissionais e pelas pessoas que entendem que o autor precisa ser devidamente valorizado e protegido, para que a cultura de nosso país cresça e auxilie o surgimento de uma nação mais justa, culta, íntegra, com oportunidade para todos e com qualidade daquilo que se produz também culturalmente.

Eenvie esse texto para quantas pessoas quiser!

Reserve a manhã dessa sexta-feira para uma boa causa, A cultura de um país inteiro agradece.
 

       Flavio Roberto Mota
            
I  l  u  s  t  r  a  d  o  r             Tris Estúdio de Ilustração
             
www.estudiotris.com.br
           11 32762956/67536232

          
  http://www.groselhagrafica.com                http://ph0bia.blogspot.com         ICQ 61641833 - AIM flaviormota
           MSN: 
flaviormota@hotmail.com                  Skype flaviormota





(A arte que ilustra esta foi uma figurinha que fiz pra escritora Gloria Kirinus no aniversário dela em 2005).

sábado, agosto 21, 2010

Cometando 2

Na cauda de um cometa: livro novo

Minha estreia na Editora Jovem, livro com o escritor Alcides Goulart... Mais imagens estão no link "ilustrações" (veja na barra ao lado, aqui no blog).

sexta-feira, agosto 13, 2010

terça-feira, agosto 10, 2010

Ilustração caprichada e as vendas de títulos

Em se tratando de livros para crianças, a ilustração caprichada é o pontapé da venda. É ela que atrai  leitor, instiga a curiosidade pelo texto, e rompe a barreira dos idiomas - para garantir a tradução para que crianças de todos os países possam conhecer uma boa história. Escritor, o ilustrador é seu melhor amigo!

"Nasce uma nova editora infantil


PublishNews - 10/08/2010 - Por Ricardo Costa

Na noite do último sábado (7), na flipiana Paraty, rolou o jantar onde foi oficialmente lançada a editora Kalandraka Brasil. A nova casa é uma sociedade entre a Callis, editora infantil brasileira, e a Kalandraka, também uma editora especializada em livros infantis, da terra de Cervantes. As duas empresas já têm negócios em conjunto no México, onde são sócias da Libros para Soñar, e produzem obras que entram até nas compras governamentais daquele país. A Kalandraka tem sede na Galícia, território espanhol a norte de Portugal. “O galego é um português arcaico, o que nos aponta mais uma afinidade e motivo para trabalharmos juntos”, disse Xosé Ballesteros, diretor da editora, na apresentação da nova empresa. “A Kalandraka é uma editora pequena, mas de grande prestígio na Espanha por publicar títulos de alta qualidade”, afirma Miriam Gabbai, diretora da Callis. E é essa qualidade de produção que a nova editora pretende trazer para o Brasil. Para começar, lança os cinco primeiros títulos na Bienal do Livro de São Paulo, que começa nesta quinta-feira (12). Destes, Perto e Um grande sonho foram vencedores do Prêmio Internacional Compostela para álbuns ilustrados, em 2008 e 2009, respectivamente. Os outros são: Grão de milho, de Olalla González com ilustrações de Marc Targer; A zebra Camila, de Marisa Núñez com ilustrações de Oscar Villán; e O leão Kandinga, de Boniface Ofogo e ilustrado por Elisa Arguilé."

Veja tudo em
http://www.publishnews.com.br/telas/noticias/detalhes.aspx?id=59320

segunda-feira, julho 19, 2010

Como ilustrar um livro: ilustrador e editor

1- "Preciso ilustrar um livro", enquanto ilustrador:

Um ilustrador deve possuir uma formação específica, onde se combinam conhecimentos nas áreas de técnicas de representação (desenho, pintura, etc.), produção gráfica (impressão de livros, programas de edição, preparação de arquivos para impressão), literatura (histórias, história da arte, conhecimentos gerais) e um bocado de teoria da comunicação. Mais do que tudo: deve ser um leitor voraz, um fruidor voraz de artes! Amar livros e histórias. 

Se for esta a sua demanda, sugiro que busque treino nestes campos. Existem bons cursos de arte nas Federais (aberto a ouvintes, não precisa estar matriculado), cursos de produção gráfica do SENAI (pagos, mas com excelentes preços), diversos cursos livres que podem direcionar sua formação. Deduzo que seja já um visitante assíduo às páginas dos livros ilustrador ou não.

Essencial: aprofunde ao máximo seu conhecimento a respeito de Direitos Autorais e contratos de edição de imagens. Na Internet você já tem acesso amplo e gratuito a maior base disto. No site do Governo tem toda a Lei dos Direitos Autorais disponível para leitura. Acompanhe os debates, fóruns e grupos de discussão de ilustradores e demais autores.

Ilustrações, assim como outras produções criativas, tem seu uso regido por um Lei específica, criada para estimular a criação cultural e garantir a liberdade e dignidade do autor.



2 - "Preciso ilustrar um livro", enquanto editor:

Neste caso, ao contatar um ilustrador, deve ter em mente o estilo que precisa para o livro, e quais recursos gráficos pode bancar. Imprimir um ivro petro e branco, em papel comum, sai bem mais barato do que um livro colorido em papel especial. Se for um livro digital, que irá existir apenas virtualmente, menor ainda o custo de publicação do mesmo (ainda que isso irá demandar de ti a manutenção de um espaço na Internet e uma forma segura de guardar os arquivos, que se forem apagados... perde-se tudo!)

Uma vez que tenha isso determinado, você e o ilustrador irão combinar os termos de um contrato de edição de imagens onde terá:

- Os valores que você pagará pelo uso das imagens;
- Por quanto tempo você irá explorar comercialmente estas imagens e de que forma.
 
E outros detalhes que forem pertinentes ao tipo de material que irá produzir.

Então o ilustrador irá criar as imagens, que (provavelmente, mas não obrigatoriamente) lhe serão entregues em arquivos de imagem em alta definição.
Caberá a você a colocação delas no livro e preparação para o processo de impressão, mas isso também pode ser combinado com o ilustrador, caso ele também trabalhe como programador visual.

Os originais das artes pertencem ao ilustrador. Caso tenha interesse em adquirir alguma tela, isso será negociado separado do processo do livro, como "obra de arte plástica".
Importante: mesmo tendo adquirido a arte original, pago por ela enquanto obra de arte, isso não lhe confere automaticamente o direito de reprodução, publicação, isso é negociado lá, no contrato de edição, e tem um valor separado deste. E tampouco isso lhe dará o direito de destruir ou modificar o desenho.

E repetindo, porque é...

Essencial: aprofunde ao máximo seu conhecimento a respeito de Direitos Autorais e contratos de edição de imagens. 

Em tempo: editores também desfrutam das proteções, direitos e deveres descritos pela Lei dos Direitos Autorais. Possuem direitos conexos sobre as obras que editam. São os empresários do mundo do livro, parceiros principais dos autores na divulgação e distribuição das obras culturais.

Direitos Cosntitucionais dos Autores

TÍTULO II
Dos Direitos e Garantias Fundamentais
CAPÍTULO I
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;


Nota minha: a Reforma da LDA não pode ferir a Constituição.

sábado, julho 10, 2010

Artigo 51 da LDA e Natureza do trabalho de ilustração

I - Sobre o artigo 51

Quando ele diz que "obras futuras só abrangerão 5 anos" ele se refere a um tipo de contrato que prende o criador ao empresário. 

Por exemplo: um escritor como Stephen King assina um contrato de exclusividade com seu editor. Tudo que ele escrever na forma de romance será prioridade para esse editor. A Lei impede que esse vínculo seja maior do que 5 anos. 

Foi explicado assim ao público no primeiro dia do Fórum de DAs, aqui no Rio.

A Lei Pelé dos esportes tem um mecanismo similar. Um clube não pode reter o passe de um jogador, contra a vontade dele, por mais de 5 anos. 




II -Quanto à natureza do trabalho autoral

Nosso trabalho, seja de escritores ou ilustradores (e todas as outras categorias autorais) é regida pela Lei de Direitos Autorais. É a ela que devemos sempre recorrer quando vendemos nosso peixe. 

Não há... deixe-me repetir mais enfaticamente... NÃO HÄ normas que digam que texto tenha de ser pago apenas na forma de contrato de risco (baseado em vendas) e que a ilustração tenha de ser um valor fixo, arbitrário e independente dos ganhos sucessivos. 

NÃO HÄ.

Quem vai decidir a melhor forma de ressarcir pelos seus esforços criativos será o autor junto ao investidor (editor, produtor, empreendedores em geral).

Para um editor é vantajoso vincular a remuneração do autor ao percentual de vendas. Ele já investiu um valor alto na impressão, editoração, divulgação. Isso reduz o risco dele, que é grande. Mas nem todos os autores podem abrir mão de um adiantamento.

Em meu caso específico, sem um adiantamento, eu não teria como cumprir os prazos apertados dos editores. Também aprendi que sempre que há um adiantamento envolvido, maior será o empenho do empresário em fazer as vendas e obter o retorno de seu investimento. Escolho sempre trabalhar com os editores que se comprometem com o livro, pelo menos tanto quanto me pedem para que me comprometa também. Afinal, um mês de trabalho meu, é o meu investimento na obra. 

Esse adiantamento, eu procuro manter dentro de um valor compatível com o que se espera de retorno numa primeira edição/ 5 anos de contrato. Na ponta do lápis... é por aí mesmo.

Entro no risco, no que se refira a novas edições, vendas de governo.

Acredito que existam muitos escritores que tenham pedido por condições similares. Em especial se o livro exige que ele pare com outras atividades, ou se o editor quer de alguma forma segurar aquele escritor específico. Isso é fácil de conseguir no caso de escritores famosos, mas aqueles ainda não tão famosos, poderia pedir uma parcela de adiantamento, quem sabe? Acho que no caso das grandes editoras, especialmente quando "requisitam" determinado tipo de obra a um autor especial, isso é mais que viável.

Exemplo:

A SM chega pro Maurício e pede que ele apresente textos envolvendo folclore amazônico. A SM sabe que haverá demanda deste tipo de obra no mercado, e já antevê aí um bom investimento.

Só que o Maurício tá ocupadíssimo com outras tarefas! Então a SM faz com Maurício um acordo, ela pagará o adiantamento referente a venda da primeira edição, em troca de sua dedicação exclusiva ao projeto.

Importante informar também, que da mesma forma que existe uma lei que regula nosso trabalho de ilustrador,  e autores em geral, existe outra que regulamenta a prestação de serviço.

Só que desta, nada podemos usufruir. Assim, quando um ilustradora assina um contrato, nos moldes, por exemplo, do contrato da Record, onde ele cede todos seus direitos autorais, ele não recebe absolutamente nenhum benefício legal da lei que rege os serviços.

Ainda assim, se você perguntar, a Record dirá que paga o ilustrador como "serviço". Porém, nesse caso seria um tipo diferente de contrato de trabalho, e tem de ser assim, porque a natureza do trabalho também é diferente.

Logo, quando um ilustrador se assume como prestador de serviços, ele abre mão do que realmente tem direito, sem nada receber em troca. O que salva o incauto, é que mesmo que ele diga em alto e bom som "sou prestador de serviços de ilustração"!!! a Lei continua a protegê-lo, e ele tem a sua disposição todos os mecanismos para, talvez, pedir a reformulação de um contrato de cessão integral, para termos mais justos.

O editor, por sua vez, fica amarrado pelos termos da Lei de Direitos Autorias. Pouco importa se ele tiver a nota de serviço. Ela servirá apenas como prova de que houve a remmuneração pelo uso da imagem. Mas ele ficará preso às determinações que a Lei dos Direitos Autorais dita, e não a lei trabalhista que rege a prestação de serviços.

A coisa mais importante para que pretende ganhar a vida como ilustrador, é dominar a LDA, e estudar bastante sobre o mercado, sobre contratos, sobre como funciona o negócio do editor.

O editor é na verdade o maior aliado do autor. Quanto melhor o afinamento dos interesses dos envolvidos, melhor evolui o livro - tanto como obra criativa, quanto como investimento.

Em tempo: cabe ao editor os direitos conexos sobre a obra. 

sexta-feira, julho 02, 2010

Aline indica as Ferramentas contra Pirataria nos Bloguinhos

O comentário de minha amiga, a designer gráfica Aline Girão, tem de ser este próximo post!
Ei-lo...

"Olá, Thaís!

A blogosfera é mesmo cheia dessas armadilhas... Inclusive já encontrei outro blog que fez a mesma coisa, mas felizmente, os livros já não estão mais disponíveis para download.
Enfim, o caso é que já existem formas de denunciar esses crimes diretamemte com o Google (atual dono do Blogger), de uma maneira fácil e direta, já que o formulário está disponível em português e assim, o blog/site ladrão terá o seu conteúdo excluído em pouquíssimo tempo:


Lei de Direitos Autorais do Milênio Digital - Blogger e Notificação de violação do Blogger
http://www.google.com/support/blogger/bin/request.py?hl=br&contact_type=blogger_dmca_infringment
Mais dicas de leitura sobre o assunto:


Temas jurídicos para blogueiros:
http://www.dicasblogger.com.br/2010/01/temas-juridicos-para-blogueiros.html


Algumas noções de Direito para blogueiros:


http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=298ENO001 

quinta-feira, julho 01, 2010

PIRATARIA DE INFANTO JUVENIS, no bloguinho da Lizazinha Bucaneira

A poucas semanas, houve certa comoção na lista dos autores com a denúncia de um site chamado de "Só Livrinhos", na realidade um blog de uma pessoa que supostamente queria ajudar a difusão da cultura. Alertado de que estava na verdade praticando pirataria pura e simples, o bloguinho sumiu.
Mas não é que parece que ele voltou? E com força total. Este bloguinho de uma certa pessoinha que se chama apenas de Liza (que não é nada ingênua, pois sabendo que é ROUBO o que faz evita assinar o nome completo), disponibiliza mais de uma centena de livros de autores brasileiros.

Esses livros custam caro para produzir, é o nosso trabalho e ganha pão. Mas ela acha ótimo poder ganhar dinheiro às custas da ralação alheia, visto que pelo menos 50% dos pixels do site são usados pra anunciantes...

Hum... fica aqui minha sugestão: existe no Brasil um mecanismo, ótimo, que se chama responsabilidade solidária. Então, a prática do crime de pirataria recai sobre a dona do blog, e todos os anunciantes. E a turma que coloca postagens parabenizando a bandalha, são os apologistas do crime.

Tá mais que na hora de uma campanha nacional contra essa abuso, essa falsa noção de que é roubando do autor e editor que se vai difundir a cultura.

Um dos livros, da Sylvia Orthof, já marcava mais de 1.929 exemplares.
Sabe o que é isso?

Uma tiragem normal de livro pra crianças é de 2.000 a 3.000 exemplares. Isso custa ao editor por volta de R$ 10.000,00 – e representa o emprego e sustento de um escritor, um ilustrador, um designer, um revisor, um diagramador, um preparador de arquivos, um editor, um assistente editorial, um divulgador, um distribuidor, alguns gráficos, um livreiro...

Ou seja, essa pessoinha do bloguinho está prejudicando o trabalho honesto de uma turma grande, pois cada livro que colocou pra download "mata" uma tiragem inteira do título!

Pior ainda é ver PROFESSORES e EDUCADORES achando tudo isso lindo! Porque se recusam a pagar de R$ 20,00 a R$ 30,00 num livro – que se fosse produzido em tiragens maiores poderia ter seu preço muito reduzido! Taí, aposto que as "tias" em questão, usam sapatos de R$ 30,00, R$ 40,00, e gastam uns R$ 20,00 num cabelereiro... mas, oras... sapato, cabelo... são "essenciais", não é mesmo? E cultura? O que vale? Não vale "nada", pois se acham legítimo piratear o trabalho dos outros.

Grande "lição" elas devem estar dando aos alunos! Olha que péssimo exemplo fornecido diretamente em SALA DE AULA!!! Pois se as mestras de laboratório de informática, aula de portuguêsm etc, usam livros pirateados pra mostrar aos alunos nosso trabalho... estamos lascados! Melhor os autores desistirem de escrever, os ilustradores desistirem de ilustrar e ir todo mundo montar bloguinho pra ganhar dinheiro com os anunciantesinhos.


Duas sugestões pra reformulação da Lei dos Direitos Autorais:


Que todo anunciante de site que promove pirataria seja considerado cúmplice do crime;
Uma campanha de conscientização dos professores de que pirataria é crime, e dano contra o autor, é massacre da cultura.